domingo, 7 de fevereiro de 2021

Por que gostamos de História - Jaime Pinski

 


Livro Por que gostamos de História
Jaime Pinski

Introdução

Este é um livro para se fazer uma leitura sem a pressa do mundo atual. É uma leitura prazerosa para o leitor amante de leitura. Seus temas variam entre Educação, cultura e política. São artigos publicados há algum tempo, mas que preservam sua atualidade. Como diz o autor: "... este livro é uma declaração de amor à História." E numa declaração de amor só ouvimos coisas boas e prazerosas. Valoriza a História e o Historiador para a formação humana pessoal e social, numa concepção cidadã. Mostra como no cotidiano valorizamos o conhecimento histórico numa tentativa de compreensão de nossa realidade. É a História instrumento de compreensão da vida humana.

Capítulo 1 - História
Neste capítulo, o autor discorre sobre questões específicas de História como a História das mulheres, o fanatismo ao longo da História e para isto, dá muitos exemplos na política, na religião e até nos esportes. Também trabalha a formação do público e do privado. A imprensa - fonte essencial de pesquisa dos historiadores - é objeto de estudo em um enfoque do tipo de informação jornalística e do estudo histórico - suas diferenças e objetivos. A questão do herói na História é tratada em política e na religião com exemplos concretos, como na Bíblia. Trabalha a questão da legalização da profissão de historiador, que a considera como outra qualquer, como Geólogo e Bibliotecário. Produz um artigo sobre História e Memória na Literatura. E no final faz um comentário sobre a Segunda Guerra tendo como foco uma História Geral em oposição às muitas especializações existentes hoje.

Capítulo 2 - Cultura
No capítulo sobre Cultura o autor destaca questões como cultura oral e cultura escrita. Valoriza a cultura oral como fonte de formação e identidade de um povo. Critica a atual cultura consumista do capitalismo brasileiro, que se manifesta explicitamente na televisão com as novelas e propagandas, tirando a opção de escolha da população para seu "consumo" cultural. Valoriza a cultura popular. Relaciona a produção textual das redes sociais com a elaboração do texto literário. Faz uma defesa dos museus no mundo como espaços de conhecimento cultural acumulado pela humanidade. Incentiva suas visitas, assim como a aquisição de livros para serem dados de presente... valoriza o livro! E ironicamente, explica o que é um livro e uma livraria. Dá dois exemplos de bons livros para uma leitura prazerosa e de qualidade. Interessante sua ideia da evolução da cultura, afirmando que esta passou da cultura oral para a digital, pulando a fase da escrita ou alfabetização.

Capítulo 3 - Mundo
O autor, no capítulo 3, discute o conceito de nação e de Estado Nacional, fazendo uma incursão por vários países do mundo. Questiona o conceito tradicional de nação tendo como base uma identidade cultural (língua, costumes, religião comuns). Mostra as variações desses elementos em um espaço geográfico determinado, e defende a definição de nação como o povo que tem consciência de um passado histórico comum. Aborda o problema da globalização sonhada por Marx com o Socialismo; não acreditando nesta possibilidade, principalmente depois do surgimento de várias pequenas nações após a Segunda Guerra Mundial e da desagregação do sistema socialista no mundo. Discordo do autor diante do conceito de nação, pois "exigir" que o povo tenha consciência de um passado histórico comum, é mais difícil do que perceber a permanência de uma língua, costumes e religião, mesmo que de forma pouco homogênea, numa sociedade. Comenta levemente as questões políticas de algumas nações do mundo.

Capítulo 4 - Povos e Nações
Neste capítulo, o autor relata suas viagens a alguns países da Europa, como a França, a Itália e até à Rússia pós-comunismo. Também estuda povos e nações do Oriente Média e Ásia. Sobre a China analisa seu modelo econômico e social, além de "prevê" seu futuro, enquanto possível competidora com os Estados Unidos no domínio econômico mundial. Não vê esta possibilidade, como muitos acreditam, e para isto, vê a melhoria das condições de vida dos trabalhadores chineses como o principal empecilho, ou seja, deve haver reivindicações trabalhistas que vão frear o desenvolvimento industrial chinês, além do acesso desses trabalhadores aos benefícios das novas tecnologias. O autor é um ferrenho defensor da democracia, e faz duras críticas aos povos e nações que defendem governos autoritários como no Oriente Médio, Cuba e Venezuela.

Capítulo 5 - Cotidiano
Sobre o cotidiano, o autor começa analisando a questão dos gestores municipais, primeiramente os vereadores e depois os prefeitos. Mostra como os interesses individuais predominam na ação da classe política, e exemplifica com a falta de presença dos políticos no meio da comunidade pra conhecer seus problemas, mas que na época das eleições a situação muda, ou seja, os candidatos buscam seus eleitores sem qualquer dificuldade, pois os caminhos, mesmo os mais íngremes, se tornam planícies para se chegar ao eleitorado. Valoriza cultura popular e clássica, tão desprezada pela população, pois a mesma se volta para as produções midiáticas por força dos meios de comunicação. Fala um pouco das relações religiosas (festa do Natal), feministas e preconceituosas em nosso país, e faz quase uma apologia da cidade de São Paulo, como a única cidade nacional do Brasil, pois para a cidade todo cidadão é brasileiro, e não mineiro, paulista, baiano... Defende uma unidade entre o Estado brasileiro e o cidade. Afasta do foco do livro: Por que gostamos de História. Acho que deveria fazer uma ligação dos textos (pois foram produzidos separadamente) com o tema do livro, mesmo com um pequeno texto complementar.

Capítulo 6 - Educação
Neste capítulo, o historiador retoma o foco do livro que é a questão por que gostamos de História. Novamente fala do grande número de pessoas que buscam a leitura de livros de História nos dias atuais. Relaciona História com política através da eleições, e mostra como as intervenções políticas acontecem na Educação. Cita o Japão como exemplo de país que investiu na Educação para se chegar ao desenvolvimento e o como o Brasil não fez o mesmo, ou seja, nunca teve a Educação como prioridade de suas políticas públicas. Fala da formação do professor e sua importância no processo de formação do conhecimento. Compara o professor de hoje com o de ontem, tempo em que era a principal fonte de informação dos alunos. Mostra seu novo papel em um universo de informações que todos têm acesso, especialmente o aluno. Defende, em sua opinião, da qual compartilho, que os investimentos do governo devem priorizar o ensino fundamental e não o superior. Aponta soluções para a melhoria da qualidade da Educação no Brasil.

Capítulo 7 - Brasil
Sobre o Brasil, o autor viaja por vários campos do conhecimento como a política, a economia, a cultura, etc. Em meio às informações e análise sobre o Brasil, faz uma relação entre o trabalho do historiador e do economista quanto à previsão de passado e futuro. Afirma que os historiadores - profetas do passado - às vezes acertam. Os economistas nunca. Continua sua análise sobre política, principalmente falando sobre o mensalão, impostos, poder público e privado. Dá exemplos de suas viagens e contatos com estudantes e cidadãos. É um otimista, pois acredita em um Brasil de Primeiro Mundo, isto após grandes transformações sociais para a formação do Estado-Nação brasileiro. Jaime Pinski é um historiador do cotidiano, é o que mostra os textos do livro, especialmente neste capítulo sobre o Brasil, pois fala de fatos noticiados na imprensa, e a partir daí faz sua análise histórica. Fala de futebol, de música, de religião, e mais ainda de política. Defende a ideia de uma sociedade brasileira cidadã, ou seja, participativa e consciente de seus direitos. Faz duras críticas à classe política sempre voltada para seus interesses pessoais, e nunca para uma prática visando a melhoria da população, como o voto deveria garantir. Mesmo nos partidos de esquerda não vê mudança desta postura, e para isto, apresenta exemplos históricos.

Capítulo 8 - Família
Neste último capítulo, o autor fala de sua vida a partir de sua infância no interior de São Paulo, mais especificamente em Sorocaba, de como adquiriu o hábito de leitura, e de sua família. Valoriza a ação de seus pais para o seu conhecimento da escrita, e do rigor literário exigido por seu pai e sua mãe. Fala também de sua origens, ou seja, da origem de sua família polonesa que se adaptou rapidamente ao nosso país e à cultura brasileira. Conta histórias interessantes de membros de sua família. E dá uma lição de como ser pai na família e na sociedade. Em sua pequena biografia traça uma trajetória de sua profissão de professor e historiador, e termina o livro afirmando: "A gente escreve mesmo é para ser lido..."

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