terça-feira, 20 de maio de 2025

A Mente Esquerdista - As causas psicológicas da loucura política - Dr. Lyle H. Rossiter


Introdução

No Prefácio, o autor já mostra o objetivo do livro: "Este livro é sobre a natureza humana e a liberdade humana, e a relação entre elas". A partir daí passa a narrar um pouco sobre a história da formação da nação americana do norte; realçando seus valores de liberdade, busca da dignidade humana e da sobrevivência, e da criação de leis que regulassem as ações entre as pessoas envolvidas. Mostra a diferença do pensamento socialista sobre a natureza humana; não respeitando suas liberdades e impondo um governo controlador, do qual todos dependem. Salienta que até o século XIX este sistema americano funcionou bem, mas o socialismo teve avanços a partir de todo o século XX e início do século XXI. Como é formado em Psiquiatria, destaca que este estudo também é campo de pesquisa da História, Antropologia e outras ciências sociais. Mas o conhecimento da mente humana é uma preocupação sua de longa data, daí sua intervenção. O autor utiliza, com certeza para facilitar a leitura das 500 páginas do livro, de uma técnica interessante e útil em sua produção, fazendo capítulos curtos e com subtítulos em cada capítulo. Se você fizer uma leitura diária por capítulo, fica uma leitura bem leve e produtiva.

Desenvolvimento
Iniciando o estudo mostra que o ser humano é bipolar, certamente para utilizar uma linguagem da Psiquiatria; mostrando que o homem possui uma natureza humana e outra social, ou seja, precisa de relações interpessoais saudáveis e produtivas. E para ilustrar esta visão do ser humano ter uma duplicidade na formação, um lado individual e outro social, analisa, em uma linguagem totalmente compreensível e leve, sobre o romance Robinson Crusoé, em que o personagem vive solitário em uma ilha e que neste ambiente, tem toda a liberdade individual, mesmo que tenha uma noção de valores, ou seja, do que é bom para ele, e aquilo que o prejudica. Neste espaço, Crusoé é o governo e o governado. Mas com a chegada de outro personagem, Sexta-feira, as relações interpessoais se modificam. Agora aparecem os limites na relação. Daí a origem das leis para normatizar as relações entre os indivíduos, criando limites para as ações individuais, que implica o respeito aos direitos da população. O autor mostra a função principal dos governos que é a proteção da liberdade individual dos cidadãos, sendo que os mesmos devem obedecer os direitos dos demais, mas geralmente, os governos terminam por cercear a liberdade individual dos cidadãos. Nos governos de esquerda não existe liberdade individual, pois a população passa a ser infantilizada por sua dependência da ajuda governamental. Na Esquerda a lei é o Governante, Ditador. Recentemente nosso Presidente falou que o Brasil deveria ser como a China, onde o Ditador fala e o povo obedece. E onde fica o sonho da democracia representativa, o Poder Legislativo, o Judiciário?

Continuando o estudo da Mente Esquerdista, mostra as origens naturais da formação do ser humano, em sua índole individual e social. Mostra que o homem só pode ter liberdade completa se viver sozinho, mas esta situação contraria sua própria natureza, pois necessita da convivência de outra pessoa para se conhecer e conviver. Volta ao exemplo de Crusoé e Sexta-Feira, pois com a chegada deste último, Crusoé perde sua liberdade absoluta, mas ganha em ajuda para melhorar sua vida com o apoio e trabalho do novo parceiro. Dá um novo exemplo, imaginando a chegada de mais 98 náufragos à ilha, assim completaria uma comunidade de 100 pessoas. Assim as coisas se complicariam, pois seriam muitas individualidades ou naturezas, e mais novas relações interpessoais, logo seriam necessárias a criação de leis para normatizar a convivência. Mostra o que o autor chama de Regra de Ouro para com o outro, ou seja, "... respeite a outra pessoa como um ser consciente e soberano, como um sujeito independente intitulado ao mesmo tratamento positivo e às mesmas proteções emocionais e institucionais contra os danos físicos que você reivindica para si.mesmo." (pág. 35). Isto é a chamada empatia, você ter a sensibilidade para participar das emoções alheias; colocar-se no lugar do outro. O esquerdista não é capaz de sentir isto, pois só pensa em satisfazer seu egoísmo pessoal. É o que acontece com os governos socialistas, as pessoas são objetos da satisfação de seus governos. Inclusive Lenin afirma que para alcançar o poder e dominar o povo poderiam utilizar de meios lícitos e ilícitos, até a violência, ainda no início da Revolução Russa.

Segue o autor mostrando a origem das liberdades individuais a partir do Iluminismo, que deu início aos direitos individuais que conhecemos até hoje, principalmente a partir da divisão do poder em Executivo, Legislativo e Judiciário. Esta divisão garantiu que o cidadão fosse protegido pelas leis e do autoritarismo dos governos. Mostra que o ser humano ao nascer é totalmente dependente de seus pais, e a partir daí adquire conhecimentos e experiências que lhe garantam sua individualidade nas decisões e produções, passando a não mais depender dos adultos. Situação que as esquerdas não conseguem ver. Acreditam que o cidadão precisa dos governos para orientar suas decisões, ou seja, vê o trabalhador como uma criança, daí a expressão popular sobre os ditadores: "Pai dos Pobres". E sua origem infantil está na relação entre os pais e os filhos na infância. Em resumo, muitos adultos não superam a fase infantil de sua vida, e vivem na dependência de outras pessoas ou do Estado. E o Estado esquerdista adota uma política de manutenção desta ordem, ou seja, dominar todos os aspectos sociais da vida do cidadão. Defende, o autor, que os governos devem ser limitados em suas ações pelas demandas populares, logo estão a serviço da sociedade, garantindo sua liberdade, individualidade e propriedade.

O livro trata da questão do altruísmo existente nas pessoas de boa formação familiar, nas comunidades, e que deve ser garantido pelos governos democráticos, como uma função social primordial. Coisa que não acontece nos governos de esquerda, pois fazem propagandas afirmando que esta é uma missão dos funcionários especializados, mas distantes da realidade das comunidades. Pela infiltração das ideias esquerdistas em todos os setores da sociedade, inclusive nos governos de direita, vemos atualmente, e já há algum tempo, o desaparecimento das Associações de Moradores, tão atuantes a partir da década de 1980 do século passado. Criam-se, os governos, Secretarias de Assistência Social e outros órgãos para darem atendimento à população sem conheceram a sua realidade. O autor do livro mostra que o cidadão altruísta, ao ajudar seu semelhante, também se ajuda, e sua capacidade vira serviço para as pessoas assistidas. É a satisfação de seu ego a serviço de outrem, coisa que as esquerdas desvalorizam, pois só entendem as relações interpessoais como coletivizadas e controladas pelo Estado. O indivíduo não existe, só o coletivo controlado pelo governo. É trabalhado no livro a questão das escolhas que fazemos que dependem de nossa natureza inata e das influências sociais, aí entra a intervenção da classe política na formação de opinião. O esquerdismo faz esta prática de infiltração nas instituições desde a Revolução Russa de 1917 para formar a opinião da sociedade, principalmente das pessoas com orientação educacional deficitária, ou aos intelectuais visionários ou interesseiros. Como as experiências com animais, nós homens fazemos o mesmo, seguimos o objetivo que nos interessa. Sobre as escolhas, o autor é bem técnico no texto, utilizando, inclusive opiniões de outros autores.

Para se manter um Estado centralizado "cuidando de todas as necessidades do povo", necessário se faz um aumento permanente de impostos; o autor resvala nesta questão. Mas é enfático no controle do Estado sobre as ações, a individualidade e a criatividade do cidadão. No Brasil, tanto os governos de esquerda como os de direita são campeões em cobranças de impostos. Mas os de esquerda são mais impulsivos nestas taxas. Trabalhei por 16 anos sob um governo municipal de esquerda, e vi o aumento de impostos constantes além da criação de mecanismos para gerar impostos como a ampliação de radares rodoviários, além do aumento do IPTU. Para amenizar o texto, o autor utiliza a música My Way, interpretada por Frank Sinatra, que significa "Fiz do meu jeito" para mostrar a diferença entre um governo coletivista e um democrático, aliás nunca utiliza a palavra democracia para governos de esquerda. Em sua crítica fala que para o coletivista a música seria "Eu fiz da maneira do governo". Também fala sobre as famosas cotas existentes no Brasil da esquerda - lugar comum nos governos de esquerda. Evita utilizar a palavra democracia em todo o texto, prefere liberdade. A infância passa a fazer parte do estudo, pois na opinião do autor, sua formação a partir do nascimento dá origem a uma mente narcisista, mesmo que esta seja produtiva, e na criação de um adulto sem uma preocupação com o ambiente em que participa. Vai depender da educação recebida na família e em suas relações sociais, o surgimento de um adulto equilibrado e responsável ou uma pessoa dependente de um governo autoritário. O autor analisa a situação dos Estados Unidos a partir da grande influência da Esquerda nos governos. Mostra que a maior interferência ocorreu com a mudança da família, da religião e do uso da razão nas questões sociais, pois as mesmas passaram a ser controladas pelo Estado. Isto a partir do início do século XX até os dias atuais. E acreditar em Socialismo Democrático como sonhamos na década de 1980 no auge da ingenuidade e idealismo da população brasileira.

Agora, na segunda parte do livro, o autor passa a fazer um estudo mais científico da questão da mente esquerdista. Mostra a cientificidade da Psicologia para o estudo do comportamento humano individual e coletivo, negado pelos esquerdistas, pois não acreditam na natureza individual e social do ser humano. Enfatiza que todas as ciências físicas e sociais possuem método, o que não ocorre com o pensamento popular a respeito de alguma coisa. Consequentemente, o conhecimento humano pela ciência é válido. Portanto, o ser humano não precisa ser guiado por nenhum governo, pois sua "rota" pode ser alterada por intervenções de profissionais. Segue o autor o estudo da evolução do ser humano desde sua infância, realçando com exemplos, nossa origem animal permanente, mesmo que tenhamos uma boa criação e educação. Os instintos de sobrevivência, de preservação dos filhos e da vida, fazem aflorar nosso lado mais primitivo e violento. O poder está implícito em nossos instintos, e para exemplificar cita os maiores ditadores da História como Hitler, Stalin e outros. O autor continua trabalhando no texto a origem dos "Estados-babá", ou seja, os governos de esquerda que prometem cuidar do povo desde o nascimento até o túmulo, sendo que sua origem está na infância desamparada de muitas pessoas. Estuda a relação mãe e filho(a) para justificar sua explicação. Mostra como a formação da personalidade da criança começa a partir dos 15 meses, e daí começa a acontecer sua independência em relação a sua mãe e às outras pessoas, este período é chamado de individuação. O homem verdadeiramente autônomo passa por este processo sem traumas. E consequentemente, este cidadão autônomo não depende de governos para realizar seus projetos de vida. Mas os governos de esquerda não se preocupam com a natureza individual do ser humano, pois querem mesmo é o poder, e para isto praticam políticas em que o cidadão fica cada vez mais dependente do Estado, como uma criança, por sua miséria material.

À medida que os capítulos se sucedem, o autor aprofunda mais a questão psicológica do ser humano em seu individualismo e sua natureza, o que contradiz a visão coletivista das esquerdas. Um pequeno texto do autor explicita este fato: "Quaisquer que sejam as contribuições dos estímulos de fora, de eventos externos ou de circunstâncias ambientais - sejam elas físicas, econômicas, sociais, políticas, raciais, étnicas ou outras - o fator mais próximo entre todos os fatores causais de meu comportamento reside dentro de mim." (pág. 185). Adam Smith é várias vezes citado como o símbolo da liberdade econômica, em oposição a um Estado centralizado como era em sua época pelo Absolutismo. Mostra, o autor, que o Estado existe para servir ao cidadão, e não o inverso, e que o indivíduo deve ser o principal atendido pelos governos e não grupos de pessoas, explicando a natureza humana desta afirmação em termos científicos. E a partir desse raciocínio mostra que a origem dos governos e líderes autoritários está na infância, ou seja, o desamparo familiar gera o poder imaginário de algumas pessoas sobre as outras para "garantir" que nunca mais serão desamparados, passando então a oprimir as populações nos governos de esquerda, que são, por natureza, revanchistas. Voltando às questões educacionais da infância, o autor faz um estudo infantil de zero aos três anos, e revela como a evolução da personalidade autônoma do indivíduo começa sua autonomia a partir dos dois anos, no primeiro ano ainda é um bebê, totalmente dependente da mãe e do pai. A partir daí começa a fazer escolhas, perceber sua realidade e tomar decisões.

Focando o estudo na adolescência, o autor mostra que mesmo que a infância de uma pessoa seja numa família estruturada dentro dos valores da liberdade, nas relações sociais, este adolescente termina por ter que escolher em uma situação de dependência dos governos, ou seja, dos governos coletivistas autoritários, ou de um governo que garanta sua liberdade. Neste caso, o fator determinante é sua escolha. O texto do autor explicita este fato: "Sociedades que não são nem fortemente coletivistas e nem idealmente livres oferecem um "cardápio" misto ao adolescente no período em que ele imagina como poderia criar uma boa vida para si mesmo." (pág. 298). Sobre o coletivismo, em que os governos afirmam garantir o bem estar de toda a população, afirma o autor: " A verdade, no entanto, é que os beneficiários primários em tais sociedades são aqueles que comandam os governos." (pág. 299). Mas a doutrinação sobre os adolescentes é intensa nesta fase, pois os esquerdistas utilizam as escolas para esta prática, situação que vem acontecendo desde o final do século XIX e início do XX nos Estados Unidos e na América Latina. Segue o autor, a esmiuçar a agenda esquerdista, comparando-a com os governos liberais. Interessante notar uma afirmação em que o texto aponta que o indivíduo que se sobressai em suas produções, fica mais sujeito a oferecer seus serviços aos que produzem menos, pois os esquerdistas afirmam que seu bom resultado é fruto de seu governo. Mesmo os crimes cometidos são justificados pelo passado do criminoso, e até pelo seu presente de cidadão oprimido. Logo não existe punição, infelizmente é o que tem acontecido no Brasil através das decisões do STF, no mandato de um governo de esquerda. Em contrapartida, o autor afirma que a família é a principal instituição que é capaz de criar/educar o indivíduo.

A família é o tema principal a seguir. Faz, o autor, um quadro comparativo entre a visão da família liberal e a família no sistema socialista ou coletivista. Mostra suas principais diferenças a partir de textos publicados pelas esquerdas. O que notamos é a oposição em todos os aspectos, como a educação, a moral, a responsabilidade, as escolas, a sexualidade, as heranças, no mundo socialista, são todos controlados pelo Estado. A herança familiar, após a morte do pai, deve ser deixada para o Estado, pois a este pertence, e não a quem trabalhou para consegui-lo. E para o combate à sociedade tradicional, aponta, a esquerda, todos os seus "defeitos", e para sua solução propõe o controle total do Estado àquilo que foi construído ao longo da história. Aprofundando mais as questões políticas, sociais e econômicas do indivíduo e da sociedade, o autor mostra como os instintos inatos do ser humano com o sexual, o agressivo e o de aquisição, marcam a sociedade. Para o controle destes instintos defende a presença de cidadãos com personalidade formada no altruísmo, nos seus direitos e deveres, e um Estado baseado em leis que garantam estes direitos individuais.  O oposto do Estado Coletivista que vê o cidadão como uma pessoa que não saiu da infância, portanto permanentemente dependente do governo. E para o funcionamento da sociedade capitalismo, a autor aponta e analisa suas regras de convivência, que viram leis, a partir da realidade vivida, não é uma sociedade sem governo, como a Anarquia, precisa de normas que devem ser obedecidas em todos os setores da vida em comunidade ao longo de sua histórica.

No final do livro, o autor afirma que existem esquerdistas bem-intencionados, ou seja, veem o mundo com tanta desigualdade, violência e miséria, que acreditam que um novo governo, com característica assistencialista, tirando todo o sofrimento do povo e preocupações, seria a solução para o fim do caos instalado em setores sociais e econômicos de todos os países. Só que esta visão administrativa contraria a natureza individual das pessoas, sua permanente busca por liberdade, e sua necessidade de alcançar seus objetivos por seus próprios esforços. O autor chama estes esquerdistas de ingênuos pelo "desconhecimento" dessa natureza humana, e por não prevê o modo que a população será governada, pois, ao longo da história, beneficiaram apenas uma minoria, empobreceram o povo, implantaram um sistema legal de corrupção e de aumento da impostos, e o uso da violência como forma de manutenção de seu poder. Sendo que esta prática foi iniciada e aprovada por Lenin ainda na década de 1920. É interessante notar a isenção do autor em relação ao lado bom dos esquerdistas, como defensores, mesmo que ingenuamente, um governo que resolvesse todos os problemas dos seres humanos, como um "pai dos pobres", um clichê tantas vezes utilizados pelos ditadores. Um exemplo apenas na construção de um programa de atendimento para as populações carentes, mostra como os esquerdistas fazem mais campanhas para tomar o poder do que levar a sério suas promessas do "Paraíso Universal". O autor mostra alguns questionamentos que deveriam ser feitos no planejamento de um Programa para acabar com a fome, situação que nunca foi pensada nos governos que tentaram implantá-lo, como na África e até nos Estados Unidos. Estes projetos logo terminaram sem explicação e a população continua passando fome. No primeiro governo do Presidente Lula em 2003, este criou o Ministério da Fome que durou apenas dois anos e despareceu sem nenhuma justificativa, e hoje ninguém fala ou lembra dessa promessa. Isto só para falar de um problema que todos os governos têm de enfrentar, sem contar os outros como uma Educação de qualidade, Saúde de qualidade, Segurança, Moradia, Emprego, etc. Logo os esquerdistas enganam o povo com promessas que nunca vão cumprir, mas simplesmente querem é eternizar no poder enganando seus eleitores, e ainda falam de liberdade e democracia. Dispensam a participação popular, individual e coletiva, para manter sua pobreza e dependência de um Estado-babá, enganador e hipócrita.

Para terminar o estudo, o autor faz uma bela narração fictícia de um provável esquerdista que utiliza seus problemas de infância para justificar suas ações para buscar poder sobre outras pessoas, defendendo um Estado Parental Coletivo e criticando a sociedade capitalista. Sua narração é digna de um romance psicológico, mas muito esclarecedor sobre como se faz um esquerdista radical. O indivíduo não assume nenhuma culpa sobre seus atos e culpa os outros pelo seu fracasso, culpando inclusive sua família. Faz uma evolução de sua vida desde a infância, passando pela adolescência e chegando à idade adulta, quando se liga a uma instituição política de esquerda, e vê nesta, seu resgate dos problemas infantis, pois nela tudo pode fazer, contrariando a história de construção moral, social e econômica da sociedade que combate. Como disse Lenin, ainda no início do século XX, que para alcançar o poder, todos os comunistas poderiam praticar quaisquer atos, inclusive a violência e a corrupção.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

História Administrativa do Brasil - Vicente Costa Santos Tapajós



Introdução

No início do livro já se nota a preocupação do autor com a ineficiência do serviço público, imagem construída historicamente. Consequentemente, o autor pretende tentar mudar esta imagem através de informações positivas sobre as ações praticadas pelos governos em benefício das nações e de seu povo, mas é certo que encontrará sérios obstáculos para alcançar seu objetivo. Começa o livro falando do governo de D. Manuel, o Venturoso, ainda no início do século XVI, ou seja, mais especificamente no período do "Descobrimento" do Brasil. Realça que esta fase expansionista contraria a tradição rural de Portugal. Mas a população vai ter de se adaptar a esta nova fase histórica. Mostra um D. João III, sucessor e filho de D. Manuel I, como o típico rei administrador, fator que ajudará em muito a situação do domínio de um enorme império herdado do governo anterior com colônias na África, Índias e Brasil. Um dos principais problemas enfrentados pelo rei é a situação dos judeus em Portugal. A população queria a expulsão dos judeus do país. Este livro faz parte de um conjunto de sete livros iniciais do projeto, que é uma produção literária em 40 volumes sobre a História Administrativa do Brasil. O projeto começa em 1955; dá uma pausa depois da mudança da capital para Brasília, e é retomado em1981. Com a retomada da produção, o foco volta-se para a História da República.

Desenvolvimento

Iniciando o livro, o autor mostra como o rei enfrentou a situação administrativa e política de Portugal e suas colônias. Como primeira medida organizou um "Ministério" composto de pessoas competentes em cada área de atuação como as colônias, as finanças e o governo. D. João III é elogiado por sua competência administrativa e não guerreira, aliás o reino português estava consolidado, agora era só manter a organização de tão extenso território. Quanto aos judeus solicitou várias vezes a instalação do Tribunal da Inquisição em Portugal, tendo sido negado algumas vezes, até conseguir seu intento. Este fato levou a uma paz interna no país, mas as finanças estavam enfraquecidas, por isso, o rei voltou as atenções para a colônia do Brasil.

Por má gestão dos negócios do Reino, D. Manuel morreu na pobreza, pois endividou os cofres públicos e ficou sem condições de liquidar suas dívidas. Mas foi sensato ao deixar conselhos aos futuros governantes para que não repetissem suas ações econômicas, solicitando cuidados com os gastos públicos. D. João III, herdou este panorama na economia. Sua fama de bom administrador lhe deixou condições de enfrentar os problemas deixados por seu antecessor. Na ocasião, Portugal assumiu de vez sua vocação de povo do mar, pois no período tinha feito grandes descobertas marítimas, e enfrentado a invasão de outras nações em suas possessões. especialmente dos franceses. O comércio das Índias estava cada vez mais deficitário, portanto resolveu D. João III, investir no Brasil, uma terra ainda quase desconhecida dos portugueses. Mandou, para iniciar a "colonização", Martim Afonso de Souza com amplos poderes para ocupar e explorar a terra achada.

Martim Afonso de Souza é muito elogiado pelo historiador, não só como gestor, mas também como um homem de ciência; como um renascentista europeu, no estilo dos intelectuais italianos. Era muito amigo de D. João III, a quem ajudou a educar nos negócios do Reino com a morte de seu pai, D. Manuel. No Brasil chega não não só como um explorador, mas também como colonizador, trazendo sementes e plantas para serem cultivadas no Brasil. Suas embarcações são bem comandadas por grandes navegadores. Sua vida é marcada por grandes empreendimentos, tanto nas Índias quanto no Brasil. Alguns historiadores tecem bons comentários sobre sua vida e obra. No Brasil, é acompanhado por muitos navegadores experientes, fator que facilita a exploração de grande parte da costa brasileira, do Nordeste ao Rio da Prata, no extremo sul do país. Resolve iniciar a colonização a partir de São Vicente, em São Paulo, local que oferece condições favoráveis devido, principalmente ao seu clima. Utiliza-se de lideranças já existentes na terra como o português, João Ramalho, ainda uma figura enigmática na História Colonial brasileira. Combate os franceses na costa brasileira com sucesso. Retorna a Portugal a pedido de D. João III, para a implantação de um sistema organizado e particular de colonização no Brasil: as Capitanias Hereditárias.

No início do estudo das Capitanias Hereditárias, este sistema de administração é comparado com o regime feudal na Europa Ocidental, dominante do século X ao XII. O autor utiliza a opinião de alguns historiadores que são unânimes ao afirmar as diferenças essenciais entre os dois sistemas, destacando que a principal diferença é que as Capitanias Hereditárias eram uma instituição capitalista, ou seja, visava lucros, utilizando todos os mecanismos do mercado, inclusive a escravidão. Depois desta introdução, o historiador fala especificamente do surgimento e funcionamento das Capitanias, além de citar sua localização e seus donatários. Martim Afonso de Souza herda a Capitania de São Vicente, mas deixa nas mãos de um amigo para administrar e volta para Portugal. Realça, também os direitos dos donatários sobre a vida da Capitania e seu povoamento. Além dos detalhes sobre a Justiça, as rendas, doações, entre outros, no Sistema de Capitanias. Mostra também o papel de intervenção do Rei no governo dos donatários, que é, na verdade, quase nulo, a não ser na coleta de impostos através de seus representantes escolhidos para o cargo. O autor vê o sistema de capitanias com relativo sucesso, apesar de a História considerar que apenas duas capitanias, as de São Vicente e Pernambuco, prosperaram; afirma o historiador que as demais capitanias também tiveram um desenvolvimento relativo, e não só prejuízos deram aos donatários. Afirma também, que o sistema de capitanias hereditárias era uma fonte geradora de riqueza, e não só de trabalho, desgaste e prejuízo. É otimista quanto à iniciativa administrativa portuguesa no Brasil. Outra questão importante apontada pelo autor é sobre a participação de Martim Afonso de Sousa, que praticamente não administrou a sua capitania, voltando a Portugal, preferiu lutar nas Índias, transferindo sua gestão para outras pessoas de sua confiança. Como fator determinante é a situação econômica do donatário, pois apesar de ser um fidalgo da Corte, não possuía grandes riquezas para investir no Brasil. Esta afirmação contradiz o que falamos para os nossos alunos nas aulas de História, pois Martim Afonso de Sousa é visto como o verdadeiro administrador da Capitania de São Vicente.

Na parte do livro sobre os Governos Gerais, o autor resolve uma questão importante relativa às Capitanias Hereditárias, ou seja, se acabaram ou não, após a criação do sistema de Governo Geral. Nas escolas secundárias nunca se deu destaque a esta questão, simplesmente mudamos o foco de estudo das Capitanias Hereditárias para o Governo Geral. No livro o autor afirma, de forma contundente, que as capitanias continuaram, mas agora com um governo central. É o início da estatização das capitanias, ou seja, passam da posse de particulares para o comando do governo de Portugal.  A privatização do sistema não deu os resultados esperados, logo o Estado entra para administrar e solucionar o problema. No início do estudo, o historiador passa a mostrar as condições em que as capitanias estavam e os direitos da nova gestão do território, além da relação com os indígenas, e o poder do rei no novo sistema. Insiste o autor, no uso de documentos da época para dar credibilidade ao seu  conteúdo. Continuando o estudo dos Governos Gerais, o autor mostra em detalhes as funções de cada administrador; do Provedor-Mor, do Ouvidor-Geral e seus Auxiliares. Dos padres que vieram na expedição, chefiados por Manuel da Nóbrega. Fala da expedição de chegada de Tomé de Sousa e da cidade de Salvador. Valoriza a ação de Tomé de Sousa como um excelente gestor das finanças do Brasil Colônia.

O autor destaca a administração de Tomé de Sousa nos vários aspectos necessários para uma boa gestão das capitanias. Começa relatando e analisando a administração financeira e econômica do governo. Mostra as dificuldades no pagamento dos trabalhadores para a construção da cidade de Salvador e nas atividades das capitanias. Muitas vezes pagavam com objetos como ferramentas e utensílios. Utilizaram a mão-de-obra indígena, mas os índios não se adaptaram ao trabalho pesado exigido e se revoltavam. Muitos morriam devido a isso. O jesuítas eram contrários à exploração do trabalho indígena, pois dificultava sua ação na catequese, a principal função dos padres no Brasil Colonial. Então recorreram à importação da mão-de-obra negra vinda da África. Provavelmente a partir de 1550, os negros começaram a chegar ao Brasil. Segue, o autor, relatando todas as decisões de Tomé de Sousa ao longo de sua administração e sua relação com D. João III. Tomé de Sousa toma todas as providências para organizar as capitanias para o seu povoamento. É um administrador capaz de acompanhar todos os problemas que teria de enfrentar, sem nenhuma reclamação sobre sua missão no Brasil, que tinha, até pouco tempo deixado ao abandono. Valoriza o trabalho dos jesuítas na catequese, e até na construção de moradias para os colonos.

Sobre o governo de Duarte da Costa o autor analisa mais sua origem, personalidade e seu governo, não se ocupando muito de suas ações. Mostra que seu irmão Álvaro foi seu maior problema, pois seu comportamento excessivamente permissivo atrapalhou as ações do governo, apesar de ser um bom soldado. Teve problemas com o Bispo Pero Fernandes, pois o mesmo fazia duras críticas ao governo, chegando até a enviar carta ao rei, sendo que o mesmo fez o governador, até o Bispo ser enviado a Portugal, mas morreu no caminho de volta atacado pelos índios. Teve problemas com o Provedor Mor, resolvido com a acumulação de funções com o Ouvidor Geral, sonho de Tomé de Sousa. Conseguiu ajuda de Tomé de Sousa com o rei, pois o primeiro governador conhecia os problemas das capitanias no Brasil. Teve problemas com a invasão dos franceses no Rio de Janeiro, com a criação da França Antártica, mas resolveu a situação, tendo os franceses procurado Pernambuco para se instalar. No geral foi considerado um bom governador e uma boa pessoa.

Todos os historiadores consideram Mem de Sá como o melhor Governador-Geral, por seu caráter e ações desenvolvidas no Brasil Colonial. Foi um excelente administrador do recém formado povoamento das capitanias. Combateu os franceses no Rio de Janeiro com a ajuda de seu sobrinho Estácio de Sá, que inclusive fundou a cidade, cujo padroeiro foi São Sebastião. Teve também o apoio dos jesuítas que catequizaram os indígenas, ensinando não só a religião, mas novos costumes mais humanitários, como abolir o canibalismo e o ensino da escrita e da leitura. Manuel da Nóbrega e José de Anchieta tiveram papéis preponderantes em seu governo. Era, Mem de Sá, Desembargador, ou seja, homem de leis, e de ampla cultura, consequentemente a violência foi mínima em seu governo, quanto à punição dos culpados pela Justiça. Governou por um período muito maior que seus antecessores, pois seu bom trabalho impedia sua substituição, apesar de ter pedido para ser substituído por sua idade e cansaço, mas terminou ficando no Brasil até sua morte em 1572. Governou o Brasil por 15 anos, ou seja, um longo período, com sabedoria e competência política e administrativa.

Depois da morte de Mem de Sá, a administração do Brasil foi executada por dois Governadores Gerais; um no norte, com sede em Salvador, e o outro do sul, com sede no Rio de Janeiro, cidade que tinha prosperado muito. O motivo principal da divisão era a grande extensão do litoral brasileiro, fator que dificultava sua administração. Mesmo assim a administração deixou a desejar, e o Brasil voltou novamente a ter um único governante. E logo depois o país ficou muito tempo abandonado, cerca de 10 anos, pois a sucessão do reino português ficou impossível com a morte do sucessor natural ao cargo, consequentemente, Portugal passou a pertencer ao Reino da Espanha, local onde o rei era o principal descendente do monarca português, este é o período chamado de União Ibérica. Como conclusão, o autor faz elogios à administração portuguesa no século XVI, citando inclusive nomes que somaram na construção de um povoamento efetivo no território brasileiro, sendo os três Governadores Gerais elogiados, mais Martim Afonso de Sousa, entre outros. Mostra que o que impulsionou a economia da colônia foi a cultura da cana-de-açúcar, e não o ouro que nunca foi encontrado no período. Elogia a atuação política e administrativa de Dom João III, mesmo percebendo suas dificuldades no início do processo de colonização.

É um livro para professores de História e Historiadores, principalmente pela publicação de extensa documentação oficial do período que garante uma fonte rica para pesquisa.

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

CORONEL FABRICIANO - Nossa Gente, Nossa Terra e Nossos Bairros - Léo Feragom


Introdução
No início do livro, o autor já mostra algumas peculiaridades da publicação como a inexistência de uma Bibliografia no final, conforme as normas da ABNT, mas citada ao longo do texto; e a ausência de notas de rodapé para facilitar a fluidez do texto. O próprio autor faz o Prefácio do livro, contando um pouco de sua trajetória como profissional da escrita, especialmente na pesquisa e publicação sobre a cidade de Coronel Fabriciano em periódicos e jornais. Com certeza foram uns 15 anos de pesquisa até a publicação do livro, é o que revelam as datas de entrevistas, por exemplo. Publica também no início, um excelente mapa sobre a região metropolitana do Vale do Aço e do seu Colar Metropolitano.

Desenvolvimento
A origem mais remota de Coronel Fabriciano é tratada pelo autor desde o início do Período Colonial brasileiro. Traçando caminhos neste espaço longínquo de nossa história, trata de questões históricas estudas nos livros didáticos escolares como as Capitanias Hereditárias, o Governo Geral, a Vinda da Família Real para o Brasil e a Independência de nosso país, sempre localizando o território de Coronel Fabriciano e o Vale do Aço neste contexto histórico. Utiliza ampla bibliografia de autores atuais e antigos em suas informações, além de mostrar em mapas nossa cidade à época desses estudos. Identifica a atual cidade de Coronel Fabriciano nas várias divisões territoriais ocorridas durante nossa história.

Sobre o atual Distrito de Melo Viana, que hoje é um grande centro comercial da cidade e região, o autor busca suas origens mais remotas, em pesquisas em vários documentos de locais que vieram a formar a atual região do Vale do Aço. Explica a formação do Povoado de Santo Antônio do Piracicaba, o nome anterior a Melo Viana. Para isto utiliza de minuciosa documentação, inclusive de documentos da época, e de mapas de sua produção para facilitar a compreensão do texto. Faz um trabalho de pesquisa digno de grandes historiadores por sua ampla pesquisa e olhar sensível aos fatos históricos. Publica algumas biografias de personagens que fizeram a história do Distrito, mesmo que indiretamente.

Nas pesquisas sobre os nomes originais da cidade de Coronel Fabriciano, a Ferrovia, o Cartório e a Estação, o autor utiliza várias fontes bibliográficas, além das informações orais de seus cidadãos, especialmente sobre os primeiros nomes da cidade, conteúdo marcado até por notas folclóricas de seus habitantes, como o nome de Calado significando um "aviso" às pessoas sobre a existência de bandidos e índios no local. Informa sobre dados históricos sobre a permanência do nome Calado, mesmo que ainda fique dúvida sobre o uso de calado relativo à profundidade da água do rio e/ou de uma parte do navio, neste quesito inclusive faz um ótimo desenho de um navio com a medida do calado. Sobre a Ferrovia faz uma longa narrativa documental para a instalação da via férrea em nossa região e, em outras cidades de Minas Gerais. O Cartório é também objeto de vasta pesquisa entre os moradores e historiadores locais, assim como sobre os primeiros nomes do local. A criação da Estação Ferroviária que é consequência da instalação da ferrovia, também informa sobre seus nomes e sua importância econômica para a cidade. É importante notar como o autor fez uma ampla pesquisa sobre todos os assuntos estudados, além da variedade de fontes e instituições buscadas, particulares e governamentais.

O foco principal de um dos capítulos do livro é a Companhia Belgo-Mineira, considerada a responsável pelo segundo surto de desenvolvimento da cidade de Coronel Fabriciano, o primeiro foi a a chegada da Ferrovia e da construção da Estação Ferroviária. Sobre a Companhia Belgo-Mineira, o historiador busca suas origens mais remotas, chegando ao início da descoberta do minério no território mineiro, depois da decadência do ciclo do ouro. Relata as primeiras negociações entre o Brasil e a Bélgica para se chegar a um acordo de construção de uma siderúrgica belga para concorrer com o mercado internacional dominado pelos países europeus. As autoridades mineiras se envolvem no projeto, além de profissionais da Engenharia do Brasil e do Exterior. Como resultado da instalação da Companhia Belgo Mineira vão surgir outras instituições importantes para nossa cidade e região, como o Hospital Siderúrgica, o futuro Clube Recreativo Casa de Campo, a Serraria Santa Helena e o Parque Estadual do Rio Doce. Muitos documentos são pesquisados pelo autor para legitimar seu trabalho. Muitos nomes envolvidos no projeto são citados, e que fazem parte de nossa história, como Alberto Giovannini, Dr. Rubem Maia, Dr. Moacir Birro e outros.

A Emancipação da cidade é tratada com o esmerado estilo de pesquisa em documentos aplicado pelo autor na produção do livro. Entra em detalhes sobre as condições para a emancipação das cidades na época, ou seja, na década de 1940. Mostra com documentos oficiais e pesquisas, as condições para a emancipação dos distritos, principalmente quanto ao número de pessoas habitando o local, além de outros detalhes como a renda média dos cidadãos, a existência de prédio para abrigar a Prefeitura, cemitério no Distrito, entre outros quesitos. Relata as relações entre os integrantes da Comissão de Emancipação com os órgãos que poderiam contribuir para acelerar o processo emancipacionista como a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, seus Deputados, a Igreja Católica e a Companhia Acesita. Mostra a reação de Antônio Dias, cidade sede, em relação à emancipação. Utiliza como uma das fontes uma Monografia sobre o processo de emancipação da cidade, que muito contribuiu com a produção do texto. Publica a primeira página da Sessão de implantação do município em primeiro de janeiro de 1949, com as presenças de autoridades e as palavras do Dr. Rubem Maia, ressaltando o papel das empresas Acesita e Companhia Belgo-Mineira na construção de uma cidade progressista.

A seguir o autor faz um estudo sobre o poder Executivo e o Poder Legislativo da cidade de Coronel Fabriciano desde sua emancipação. Mostra, após ampla pesquisa com os livros e órgãos públicos, os erros cometidos quando da definição dos períodos de mandato dos ocupantes dos cargos de Prefeitos da cidade, especialmente quando se referem ao início e fim dos mandatos. Pois todas as fontes consultadas, inclusive as oficiais, como a Prefeitura Municipal, a Câmara Municipal e órgãos superiores como os Tribunais Eleitorais cometeram os mesmos erros. Em meu livro Coronel Fabriciano - História e Contexto -, também cometi os mesmos erros, pois em meio a tantas informações sobre a cidade me esqueci deste detalhe. O historiador mostra que os mandatos se iniciam no início do ano posterior às eleições, e não no final do mandato anterior. Sendo assim revisou cada período de governo de todos os prefeitos. E para resolver esta situação consultou as leis vigentes no período. Produziu uma biografia de cada prefeito e suas obras em cada mandato. Em relação ao Legislativo faz um estudo sobre os períodos de mandatos e sua legislação, e suas alterações ao longo da história. Faz uma relação de todos os vereadores e uma pequena biografia sobre cada um. O autor preenche importantes lacunas deixadas pelas pesquisas sobre o Poder Executivo e Legislativo da cidade de Coronel Fabriciano. Depois de lida toda a relação dos prefeitos e vereadores observamos a "dança" dos partidos entre os eleitos em busca da legenda mais forte para garantir os votos necessários para chegarem ao poder. Ideologia nunca importou.

Na pesquisa sobre os Distritos de Coronel Fabriciano o autor primou pela busca de suas origens, principalmente nos aspectos legais e documentais. Busca as origens mais remotas de suas formações, consultando fontes escritas e orais. A mesma metodologia utiliza para a criação da Acesita e seus fundadores. Faz uma longa e profunda pesquisa sobre o nome do Distrito de Timóteo, e sobre a mudança do nome da cidade já emancipada para Acesita. Apresenta várias hipóteses para a origem do nome Timóteo, mas todas apresentam controvérsias. Lendário ou não, o nome Timóteo permanece até hoje. Faz a mesma pesquisa sobre a origem do nome Ipatinga, ou seja buscando várias fontes escritas como livros, jornais e revistas. Relata sobre o processo de emancipação dos Distritos de Timóteo e Ipatinga; seus avanços e retrocessos e questões políticas e partidárias envolvidas. Também neste capítulo, o autor trata da criação da Usiminas e do Massacre no Distrito de Ipatinga, quando o Distrito ainda pertencia a Coronel Fabriciano. O autor investigou até as famílias dos engenheiros envolvidos na Construção da Usiminas, sempre com seu estilo rigoroso de pesquisas e fontes confiáveis para todos os assuntos.

Quanto às Instituições religiosas de Coronel Fabriciano, o historiador faz um trabalho bem amplo por suas várias fontes  utilizadas, tanto em livros, arquivos e publicações especificas antigas quanto em sites. Mostra fotografias dos prédios antigos e novos das instituições. Sobre a Igreja Católica produz um texto longo, pois acessa suas fontes antigas. Foi a primeira Igreja a se instalar na cidade. Relata o número de paróquias, de Bispos e Padres. Faz algumas biografias de padres e bispos. Mostra um mapa de toda a Diocese Itabira-Fabriciano. Sobre as Igrejas Protestantes foca principalmente nas chamadas Igrejas Históricas, como a Assembleia de Deus, a Batista e a Metodista. Cita os nomes dos principais pastores que aqui chegaram e assumiram suas Igrejas, e os que permanecem até hoje. Traça uma pequena biografia de alguns pastores.

As famílias pioneiras de Coronel Fabriciano são estudadas pelo autor, destacando suas origens até chegarem a nossa cidade. Suas descendências, que geralmente são famílias com muitos filhos, sendo que muitos se destacaram na política, no comércio e na Educação. Alguns foram prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. Sabemos das dificuldades que estas pessoas enfrentaram em um território sem quase nenhuma infraestrutura, sendo que vieram famílias até do Nordeste, como o autor informa. Mas o importante é que vieram atrás de um sonho, e com dificuldades conseguiram realizá-lo. E hoje deixaram descendentes que continuam a obra grandiosa de construir uma cidade boa de se viver. Devemos valorizar estes pioneiros que nos deixaram a base para a construção de um local em que as relações humanas dominem a ganância de apenas buscar dinheiro, ao invés de sabedora de vida conquistada com o exemplo de nossos ancestrais. Muitos destes pioneiros hoje são nomes de ruas e bairros de nossa cidade pela dedicação de seu trabalho na construção de nosso município.

As escolas, sejam públicas ou particulares abrigam os nomes de pessoas de nossa cidade, principalmente lideranças formadas aqui, mesmo que tenham nascidos em outras cidades ou Estados. Esta atitude das autoridades mostra o reconhecimento do poder público pelo trabalho desempenhado por estas lideranças. Muitas cidades utilizam nomes de pessoas que nada fizeram pelos municípios, e muitas nem pisaram o seu solo. O autor começa o estudo das escolas pelo nome dado, e sua lei de criação, depois conta a sua história como seus cursos e locais onde se fixaram, e para finalizar faz uma pequena biografia do homenageado com o nome do estabelecimento de ensino.

Depois do estudo sobre as escolas, o autor retrata sobre as atividades econômicas que os antigos moradores, se lembrarão de muitos centros comerciais que frequentaram ou trabalharam. Fala sobre as casas comerciais de lazer como os bares e boates. Até de oficinas de veículos entre muitos outros estabelecimentos como lojas de confecções, de material de construção, móveis e eletrodomésticos, etc. Se esqueceu da Bemoreira, a maior loja de  eletrodomésticos do Brasil, com filiais em Coronel Fabriciano e no Horto, em Ipatinga. Trabalhei por quatro anos nesta empresa, na Rua Silvino Pereira e na Rua Duque de Caxias. Mas não se esquece de estabelecimentos oficiais como a Prefeitura Municipal e hospitais, além de muitos outros estabelecimentos. Depois começa a relatar sobre as artes na cidade como a música, o teatro, o cinema e sua história no município. Continua o texto contando a história dos times de futebol da cidade e dos bairros surgidos ao longo do povoamento do lugar. E termina o livro com seu tema favorito, que é a imprensa, aliás esta é sua formação profissional., além dos símbolos da cidade como a Bandeira, o Brasão e o Hino Oficial de Coronel Fabriciano. Em todos os estudos sempre fez uso de documentação confiável, o que garante a sua produção literária a confiabilidade de uma ótima fonte para pesquisas históricas da cidade, além de lhe conferir o batismo definitivo de historiador.

Eu recomendo a leitura deste livro com louvor pela primazia na escrita e o rigor na pesquisa.

segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Marxismo Americano - Marx R. Levin


Introdução
Mesmo que o autor não faça uma introdução no miolo do livro, suas capas já introduzem o que pretende desenvolver em suas páginas, ou seja, a infiltração do marxismo nas instituições americanas e seu ardil para enganar sua população. Aí aparecem as fachadas de socialismo democrático, ativismo social, "progressismo", politicamente correto, entre outros ardis para enganar a população sobre um regime superado desde o seu nascedouro.

Capítulo UM: Está aqui
Neste capítulo o autor mostra que a invasão do marxismo já aconteceu nos Estados Unidos Unidos, e está presente em todas as suas instituições como a política, no Parlamento, na Presidência, nas escolas, Universidades, etc. Alerta para o tipo de discurso que utilizam para disfarçar sua presença como o combate da desigualdade social, as questões ambientais, questões raciais e outros. E para atingir um público maior criam associações, que são canais de divulgação de suas ideias, ou seja, o combate à liberdade individual, e a defesa de um Estado totalitário e controlador. Revela que muitas pessoas não acreditam nessa realidade, pois sua vida confortável não permite o conhecimento da história de seu país, que foi construída pelo combate à maior nação do mundo na época, que era a Inglaterra. Os marxistas tentam corromper até a história americana desmerecendo seus heróis construtores dessa grande nação. O seu texto fica até com um tom de revolta pela não percepção, pela população, do que está acontecendo dentro do país. Contesta as ideias de Marx sobre os trabalhadores e os lucros do capitalismo, que em sua visão (os lucros) geram progresso e empreendedorismo, e não a exploração do proletariado como prega os precursores do socialismo.

Capítulo DOIS: Criar Turbas
No capítulo DOIS o autor informa e analisa os chamados movimentos de massa, não só nos Estados Unidos, mas no mundo. Suas características pessoais e coletivas, e para isto, utiliza-se de textos de vários autores, buscando explicações dos mais antigos e clássicos, como Rousseau, Hegel e Marx. Mostra que existem nos Estados Unidos dois movimentos que combatem a sociedade americana de forma sistemática. Ao analisar estes movimentos identifica o perfil de seus seguidores como pessoas que não se deram bem na vida, e condenam os que conseguiram se desenvolver na atual sociedade. Passam a acreditar que lutar pelo bem individual é uma coisa ruim, pois não conseguiram fazê-lo. Aprofunda (o autor) nas questões teóricas sobre a formação das turbas e suas lideranças, revelando que o que chamam de revolução é permanente, pois nunca estão satisfeitos com o que conseguem, por isso, mesmo que cheguem ao poder, sua liderança continua com o discurso de revolução, vejam os líderes comunistas pelo mundo. Lembro de um prefeito comunista, que mesmo no poder, no início do governo continuou indo aos palanques de assembleias de trabalhadores, até que foi alertado sobre sua função, e não participou mais. Essa questão da formação desse movimento é muito complexa, pois inclui o uso da violência e do fanatismo, como elementos essenciais. Não adianta procurar usar a razão, seja histórica, filosófica, da própria realidade individual e social, que não vai adiantar. É o sentimento individual de procurar alcançar um objetivo que só existe em sua cabeça, que o move. No final do capítulo, o autor entra em detalhes sofre a formação dos movimentos de massa e seu envolvimento com os partidos políticos, como o Democrata americano; e para isto utiliza ampla literatura a respeito.

Capítulo TRÊS: Odeia a América, Ltda.
Este capítulo me fez voltar ao tempo do início de minha carreira no Magistério, como Professor de História, em um governo marxista. Nesta época, ou seja, na década de 1980, os livros didáticos eram todos marxistas, e além disto éramos obrigados a ler livros marxistas de Educação como os autores John Dewey, Moacir Gadotti, Paulo Freire, entre outros. O livro de História, no primeiro ano de mandato do prefeito era uma coletânea de textos marxistas, principalmente de Marx e outros, chamava Construindo a História. Era uma coleção de textos picados de livros inteiros marxistas. Foram publicados por dois autores de Belo Horizonte, Minas Gerais, que inclusive fizeram palestras de lançamento de mais livros, agora para o segundo grau, no mesmo estilo. Só que os professores, que infelizmente leem pouco, como a maioria da população brasileira, reclamaram do método do livro, então a Secretaria de Educação mudou para outro livro, no estilo tradicional de organização dos conteúdos, mas também marxista. Nesta época, não questionávamos a visão marxista de mundo. Éramos combatentes contra o capitalismo sem questionamentos, e além do mais ainda vivíamos o tempo da ditadura militar, que entendíamos que era apoiada pelos Estados Unidos. Mas o fato mais relevante é que eu não sabia que nos Estados Unidos, o processo de doutrinação de professores e alunos andava também em curso. Só percebi isto na minha aposentadoria, pois continuei a ler e a escrever história, e principalmente quando li alguns livros que ser referiam à Escola de Frankfurt, e sobre Herbert Marcuse. O autor segue analisando no capítulo o processo de doutrinação marxista nas escolas americanas e sua defesa através de ampla literatura de escritores e escritoras que ainda acreditam numa revolução marxista na América. Mostra como a maioria dos professores das áreas sociais são marxistas, especialmente em Sociologia. Realça as grandes contradições na teoria de Marx em relação ao mundo capitalista, principalmente na convivência entre trabalhadores e proprietários de empresas.

Capítulo QUATRO: Racismo, genderismo e marxismo
Este Capítulo, em sua primeira parte, trata especificamente da chamada Teoria Crítica de Marcuse. mostrando em linhas gerais como a sociedade dos marginalizados deveria combater a sociedade americana, pois como disse Marx, a burguesia, além de tomar o poder econômico e político, tomou, principalmente, a mente das pessoas para se tornarem tolerantes com a classe dominante. E a solução seria a destruição dessa sociedade. O marxismo promete um paraíso dos trabalhadores, que nunca chega, mesmo quando assumem o poder. Vejam os exemplos dos países comunistas atuais como a Nicarágua, Cuba, Venezuela, Coreia do Norte, China entre outros. O paraíso nunca chega, e instalam um governo autoritário, que continua oprimindo seus opositores e matando inocentes em busca permanente do paraíso. Uma balela narrativa. Na segunda parte do capítulo, o autor trata especificamente sobre o racismo de forma incisiva, pois mostra como este projeto da esquerda tenta se infiltrar nas escolas com a mudança da visão tradicional da História, principalmente a Americana, defendendo que a Revolução Americana tinha o objetivo, único, de tentar manter a escravidão negra no país. Mostra como a imprensa, especialmente o jornal New York Times faz parte desse projeto desde os tempos de Stalin, escondendo o genocídio dos judeus e a matança de ucranianos com o uso da fome como arma de guerra, eliminando milhões em 1932. Revela que Bill Clinton libertou uma militante terrorista condenada a 58 anos de prisão, e foi libertada com 16 anos de pena cumprida. Segue o autor em seu estudo sobre a questão da imigração, principalmente dos mexicanos, que tiveram muitas terras invadidas e/ou adquiridas pelos Estados Unidos. Vários escritores se manifestam a respeito, inclusive falando que o México é o legítimo dono do território estado-unidense, além dos indígenas, seus primeiros habitantes. A seguir trata da questão da comunidade e grupos de LGBTQ+ com o apoio do governo Biden e de grupos de esquerda, inclusive na América Latina.

Capítulo CINCO: Fanatismo da "mudança climática"
A questão do fanatismo da mudança climática leva o autor a analisar o objetivo principal dos movimentos com esta intenção, que é, na verdade, a eliminação do Capitalismo, pois muitos autores defendem a diminuição do desenvolvimento econômico no mundo ocidental, que muitos chamam de Decrescimento. Se a sociedade ao longo da história sempre buscou um crescimento em todas as áreas sociais, como podemos provocar um retrocesso em todo o desenvolvimento alcançado pela humanidade? A menos que tenha o objetivo maior de acabar com o Capitalismo que sempre foi o objetivo do marxismo. O autor enumera os avanços do capitalismo desde sua implementação na Revolução Industrial em áreas importantes como a tecnológica, a Medicina, oferecendo mais conforto e saúde para as populações. Chegam ao absurdo de propor a redução da carga horária de trabalho para vinte horas semanais. E para comprovação dessas teorias, o autor utiliza a produção literária de vários autores, inclusive da década de 1970, quando já se discutiam alguma forma de eliminar o Capitalismo, agora pela via ecológica, mas sempre utilizando a filosofia marxista, sabendo-se que Karl Marx nunca falou a respeito, e nem poderia, pois não viveu momento semelhante no século XIX. No final do capítulo, o autor trabalha a questão climática, pois a esquerda defende a redução da tecnologia como forma de diminuir a poluição, mas na verdade querem mesmo é acabar com o sistema capitalista, pois as populações que vivem em um ambiente natural procuram as regiões industrializadas em busca de conforto. É mais uma busca da ideologização dos povos sobre a questão ambiental. Inclusive o autor relata algumas leis emitidas pelos Presidentes americanos democratas defendendo essas medidas esquerdistas e dando motivo para o fim do sistema capitalista americano, especialmente do atual Presidente Biden.

Capítulo SEIS: Propaganda, Censura e Subversão
O autor mostra com suas informações, e opiniões de outros autores como a Propaganda, especialmente aquelas veiculadas na imprensa, deixaram de dizer a verdade, mas sim, a opinião dos jornalistas. Sua origem, infelizmente, vem de Karl Marx, que desde o século XIX, depois de conhecer um editor americano, passou a escrever para o jornal New York Tribune dos Estados Unidos. E sua característica principal como jornalista, e esta profissão exerceu por quase toda a vida, era emitir sua opinião diante de um fato de seu tempo como uma guerra, um conflito; no geral, Marx com a ajuda de Engels escreveu quase 500 artigos para o jornal. Esta visão marxista do jornalista perdura até os dias atuais nos Estados Unidos, inclusive no Brasil, afinal, os jornalistas são escritores profissionais. Os principais órgãos desta imprensa e propaganda de ideias americanas são o New York Times, o Washington Post e a rede CNN. No Brasil é a rede Globo que se presta ao mesmo papel de infiltrar o comunismo no Brasil, empresa que já foi ferrenha defensora do regime militar no período de 1964-1985, aliás sendo criada com este propósito. Consequentemente, a ideologia marxista está presente na sociedade americana desde o século XIX. Inclusive o autor coloca no final do capítulo, uma estatística muito interessante sobre a liberdade de expressão na sociedade americana, que foi caindo até os dias atuais. Mostra que atualmente as pessoas não se sentem à vontade de expressar suas opiniões numa porcentagem de 40% dos entrevistados, sendo que na década de 1950, este nível era de 13%. E a mentira, que é própria do marxismo, atingiu toda a população, pois ficou tão normal mentir na imprensa, que contaminou toda a sociedade americana.

Capítulo SETE: Escolhemos a Liberdade
Neste último capítulo, o autor faz um levantamento sobre a situação da sociedade americana com o domínio do marxismo nas instituições, e também no governo, além de propor alternativas para superar esta situação. Para isto faz uma retrospectiva do passado histórico do país, citando seus vários líderes, e o número de mortos que lutaram para a sua Independência em 1776, e de outros conflitos posteriores. Mostra as estratégias utilizadas pelos marxistas para tomar o comando da nação, começando pelas escolas, principalmente as de nível superior. Relata os cortes nos orçamentos, especialmente no militar, que levou ao aumento da criminalidade em todo o país, e provocando a mudança de moradores de suas casas com medo da violência incentivada por vários setores sociais e grupos como o Antifa (Movimento Antifascista) e o BLM (Black Lives Matter). O mesmo método adotado pelos marxistas para tomar as instituições, agora o autor, propõe para a Direita, principalmente nas escolas. E para isto indica algumas posturas a serem adotadas para se chegar a controlar a administração escolar. Sugere, principalmente a criação de grupos de Direita para fiscalizaram o currículo, conteúdo, administração de recursos públicos e privados dos estabelecimentos de ensino, ou seja, um grande mutirão para voltar a ter o controle da Educação sem a ideologia marxista. E em outros setores, o autor propõe a mesma fiscalização pela população, como as Corporações e a Polícia, para evitar a ampliação dos defensores da ideologia marxista ainda mais na sociedade americana. E termina o livro com uma frase típica dos marxistas, com um ideário conservador: "PATRIOTAS DA AMÉRICA, UNAM-SE!"

 

 

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

A Escola de Frankfurt e o início da Nova Esquerda

 


Introdução 
No início do livro, o autor cria uma Nota com jeito de Introdução, pois mostra como os participantes da chamada Escola de Frankfurt produziam suas ideias escritas de forma bastante complexa. Mas a partir de seu texto (o autor), já mostra suas principais características na "ressurreição" do marxismo que estava quase desaparecendo e suas influências no movimento jovem francês de maio de 1968. Realça o foco principal de Frankfurt que é o afastamento da classe operária e a chegada de uma multiplicidade de minorias desqualificadas que iriam fazer a revolução com uma visão social e cultural, antecipando Gramsci, o qual é muito valorizado pelo autor. Ainda nos Agradecimentos, cita um texto de Aldous Huxley que explica essa teoria na prática: "Um Estado totalitário realmente eficiente é aquele no qual as elites controlam uma população de escravos que não necessita ser coagida, porque, na realidade, ama a servidão."

Prólogo: Pensar a partir do fracasso
O prolongado período de teorização do Comunismo numa tentativa de aproximar a teoria da prática tem sua justificativa a partir do fracasso do regime ao longo de sua história, pois sua aplicação nas várias partes do mundo, foi marcada pelo insucesso. Consequentemente vários pensadores tentaram recompor a aplicação do Comunismo a suas ideias, tendo como o norte das reflexões as palavras de Marx e Engels, primeiros teóricos do Socialismo/Comunismo, sendo estes primeiros autores apenas teóricos longe da prática trabalhista. O domínio do aspecto econômico sobre os demais, é superado pela Escola de Frankfurt (porque o Capitalismo deu aos trabalhadores mais do que Mark previa com o Socialismo), por uma ideia cultural como hoje, desprezando a família, a religião, a tradição, a hierarquia, a propriedade, os sentimentos nacionais, e introduzindo a cultura de massas, o feminismo, a liberdade sexual, entre outros. Deixou a luta armada e adotou o discurso/prática da contracultura. Outra prática dogmática da Nova Esquerda é chamar seus oponentes de fascistas, mesmo os mais democráticos. A Escola de Frankfurt é a origem da Nova Esquerda, e a prova são os seus discursos ao redor do mundo, inclusive no Brasil e nos Estados Unidos. O autor reafirma que a Direita também precisa discutir seu fracasso na área cultural, e o primeiro passo pode ser o conhecimento do inimigo.

Capítulo I: Um erro comum: um só marxismo histórico? Comunismo=marxismo

No capitólio 1, o autor traça um perfil do Marxismo Histórico e do Comunismo. Mostra os erros de alguns intelectuais quando avaliam o futuro do marxismo histórico. Identifica o Comunismo, como um regime político próprio da Rússia, tendo como base o partido Comunista, e os outros Comunismos que se transformaram para suas realidades sociais como a China e Cuba. Logo o Comunismo Soviético de 1917, não existe mais, pois foi se transformando como previu Lenin. Realça que Marx e Engels foram teóricos do Socialismo sem conhecimento da vida dos operários das fábricas, portanto suas previsões e a própria Revolução Russa poderiam ter morrido ainda na década de 1920, se não fosse o trabalho da Escola de Frankfurt que percebeu sua falha. Marx acreditava que a revolução socialista iria acontecer nos países industrializados, mas nestes locais, a classe trabalhadora já tinha alcançado, no sistema capitalista, as reivindicações dos operários. Expõe, o autor, atitudes que deveriam ser tomadas para que a revolução se concretizasse. Abaixo algumas falas de Lenin, ainda no início da década de 1920, mostrando as possíveis mudanças que poderiam ocorrer para o avanço do Marxismo/Comunismo... "Se para conservar o poder precisarmos inverter completamente nossa orientação, o faremos". Abertamente afirmava que tudo o que servia à revolução era ético e que tudo o que a prejudicava era antiético, e ainda "Deve-se estar preparado a todos os sacrifícios e, se necessário, usar todos os estratagemas de astúcia, de métodos ilegais, estar decididos a calar-se, a ocultar a verdade, com o fim somente de infiltrar-se nos sindicatos, de ficar e realizar, por cima de tudo a tarefa comunista" (págs. 40-1). Parece estar falando para os sindicatos de hoje, em pleno século XXI. Interessante notar como o autor revela o fato de que, mesmo com a "derrota Comunista" em sua teoria e prática, os capitalistas não perceberam suas possíveis transformações, principalmente através da Escola de Frankfurt e do Foro de São Paulo. Agora não era mais uma revolução econômica, mas uma revolução do pensamento. O autor pretende mostrar a origem histórica da chamada Nova Esquerda, e para isto vamos utilizar um texto, na íntegra,  do próprio autor: "Essas conclusões e a mudança epistemológica da esquerda, que começa a ver seus resultados no final dos anos 60, vinham sendo realizadas pela Escola de Frankfurt desde a década de 1920. Sob o pretexto de defender os direitos civis, políticos e humanos das minorias (que jamais tinham preocupado o comunismo ou a esquerda), no mundo ocidental, o  feminismo, o homossexualismo, a  ideologia de gênero, o ambientalismo, a utilização das drogas, um difuso anti-racismo etc, E abandonaram, ao menos retoricamente, a violência direta e o proletariado como sujeito revolucionário, conseguindo, assim, sair da marginalidade para pouco a pouco se incrustar em todas as estruturas do sistema (política institucional, universidades, escola etc.)" (p..52). Em resumo, o autor mostra que a Nova Esquerda nasce efetivamente nos anos 1920 do século passado na Escola de Frankfurt.

Capítulo II: Fundação e Origem
Neste capítulo, o autor traça uma evolução histórica a partir do surgimento da Escola de Frankfurt, assim como suas razões e nomes de seus participantes. É interessante notar como seus filósofos perceberam muito cedo o fim do comunismo da Revolução Russa. De 1919 ao início da década de 1920 já dava para notar que Marx tinha se enganado quanto à presença dos trabalhadores no processo revolucionário, então a Escola de Frankfurt descobre novos caminhos para manter acesa a chama do Comunismo, que, é, principalmente, a trilha cultural com a destruição do sociedade ocidental capitalista. O autor cita alguns depoimentos dos participantes da Escola de Frankfurt mostrando suas preocupações com a falta de adesão ao comunismo soviético na Europa Ocidental e começam a procurar quais seriam suas causas, e descobrem que a aceitação do capitalismo pelos operários não era só uma questão econômica, mas cultural. Devido a isto começam os estudos nesta nova linha, ou seja, através do fracasso da revolução russa de 1917. Realçam também o uso da violência praticada pelos líderes da revolução, que nesta fase procuram apenas a sua manutenção no poder, e não em seguir a teoria marxista-leninista. E  encerrando o capítulo, mostra como os filósofos da Escola de Frankfurt tiveram que fugir da Alemanha, depois da ascensão do nazismo, e se abrigar nos Estados Unidos, país que os recebeu com uma boa vontade de admirar, inclusive instalando-os em locais para moradia e trabalho nas principais Universidades americanas. Daí ficou fácil se expandir para outros continentes suas ideias. Tiveram muita influência na formação das esquerdas nos Estados Unidos. Com o fim do domínio nazista, alguns participantes da Escola voltam para a Alemanha, e outros ficam nos Estados Unidos, consequentemente, ficaram dois núcleos de estudos: um na Alemanha e outro nos Estados Unidos. Na fundação da Nova Esquerda, oriunda da Escola de Frankfurt, a violência continua fazendo parte de seu ideário, além da destruição de todos os valores da sociedade ocidental.

Capítulo III: Teoria crítica e "Dialética do esclarecimento"
Neste capítulo, o autor analisa as ideias defendidas pelos filósofos de Frankfurt através do olhar de outros autores como Karl Marx, Engels, Hegel, os Iluministas, e outros. Mostra que os participantes da Escola de Frankfurt fazem muita teoria, que muitas vezes, não sabiam nem sua explicação, de tão complexas, mas que na verdade o que eles queriam era combater a cultura da sociedade ocidental, principalmente o Capitalismo e sua expansão no ideário trabalhista, e de suas famílias, que na opinião de seus seguidores (Escola de Frankfurt), contaminava a mente das pessoas e dos trabalhadores. Mas no final, o que Frankfurt deixou de legado foi só uma tentativa de destruição de uma sociedade historicamente construída. Sobre a dialética do esclarecimento, os autores confirmam as mesmas ideias defendidas pela Escola, só que de forma mais sistematizada. Criticam a razão dos iluministas e defendem o uso da emoção e da ação, não abolindo a violência contra as populações. Dão como exemplo os líderes autoritários e sanguinários, como Hitler, que para eles não era um louco, mas alguém que usou a razão para realizar um plano de genocídio para garantir seu poder. Prevê a existência dos ambientalistas que passam a valorizar mais os animais e plantas do que o próprio homem. O autor se espanta ao constatar a defesa de um regime muito mais desumano do que todas as revoluções ocorridas no mundo, e para isso omitem as mortes praticadas pelos marxistas ao longo da história.

Capítulo IV: Dissidências internas e contradições frankfurtianas?
Mesmo com a crítica feita ao Comunismo, os filósofos da Escola de Frankfurt nunca deixaram de ter uma relação com os comunistas, principalmente no tempo de Lenin, quando o mesmo exigiu uma retratação de um dos membros da Escola, e que foi acolhida. A revolução pelo pensamento para mudar o sistema tinha maioria dominante na Escola de Frankfurt, mas o uso da violência, como o foi nas barricadas de maio em Paris, teve apoio dentro do Movimento intelectual. Havia muito conflito entre seus componentes devido a posições divergentes e críticas ao modo como o Comunismo Soviético de posicionou a partir do uso indiscriminado da violência. Além de defesas, que afirmavam só serviam para beneficiar o capitalismo como no texto a seguir: "[...] marxistas sem partido, socialistas dependentes do dinheiro do capital, beneficiários de uma sociedade contra a qual lutavam." Walter Benjamin (p. 114). As contradições entre os componentes da Escola de Frankfurt são verdadeiras aberrações filosóficas, pois o que combatiam, dele se beneficiavam. Combatiam a cultura capitalista e sua prática, mas muito cedo viram os avanços de sua sociedade, principalmente dos Estados Unidos, quanto à qualidade de vida da população, mas continuavam criticando este sistema econômico e social, sendo que eles mesmos nunca trabalharam, mas eram todos ricos e herdeiros do trabalho de seus familiares. Omitiam informações como as mortes praticadas pelos líderes comunistas como Fidel Castro, Mao, Stalin e outros. Alguns participantes da Escola, inclusive tiveram cargos no governo americano. Ainda em meados do século XX, defendiam o aborto, a poligamia, o fim da família e o erotismo, além de elementos próprios do capitalismo como a propriedade privada. Mas faziam o jogo do poder apoiando decisões dos mandatários da sociedade conservadora capitalista, inclusive o Papa. Exatamente como ocorre com as esquerdas de hoje, oriundas doentias e sem crítica alguma, da Escola de Frankfurt.

Capítulo V: A "Indústria Cultural" e seu "Homem Alienado"
Na Introdução ao capítulo, o autor discute sobre a questão da origem do Capitalismo, que na opinião dos "homens de Frankfurt" vinha do excessivo uso da razão e da ciência defendidas pelo Iluminismo; contrapondo uma valorização da cultura esquecida pelos marxistas, que só defendiam o fator econômico na revolução. Neste raciocínio analisa as críticas de alguns filósofos de Frankfurt. Volta à questão do abandono da classe trabalhadora ao projeto comunista, devido ao alcance de sua metas no Capitalismo. Informa sobre a importância de alguns instrumentos culturais utilizados pelos capitalistas para coagir sua população como o rádio, a televisão, as artes, a religião, etc. Veem o homem que vive sob o sistema capitalista como um alienado, pois obedece os ditames dos meios de comunicação como a televisão e o rádio, por exemplo. Não percebem que no Comunismo, o trabalhador vive doutrinado pelo Estado sem nenhuma liberdade de expressão, além de estar sujeito à morte se desobedecer às ordens. Não propõem nenhuma alternativa de sociedade que garanta ao cidadão uma permanente busca da liberdade pela revolução. Não consideram a televisão, o cinema e o rádio como artes, mas sim como instrumentos ideológicos de poder. Mesmo falando mal dos meios de comunicações tradicionais, a Escola de Frankfurt é convidada para fazer um estudo sobre a influência do rádio na opinião pública. A Fundação Rockefeller é a patrocinadora. Percebem, os de Frankfurt, que quem controla a mídia, controla a população, assim como nos dias de hoje. Vejam como a TV Globo é controlada pela esquerda hoje, como o foi no Regime Militar, pelo governo civil militar. É interessante notar como o governo americano permitiu, e até pagou para a esquerda entrar em seu país, e inclusive na ONU. Enfim, só falam mal do sistema capitalista, chegando ao extremo de tentar provar que o Amor não existe neste tipo de governo. E ninguém agiu no último século. Agora que estamos percebendo isto através de pesquisas e publicações.

Capítulo VI: Feminismo e Ideologia de Gênero
A partir deste capítulo começa a segunda parte do livro. O autor não define o que é Feminismo e Ideologia de Gênero. Mas mostra como estes conceitos foram surgindo a partir da Escola de Frankfurt. Interessante notar como a afirmativa que "não se nasce mulher, torna-se mulher", atribuída normalmente a Simone de Beauvoir, pertence mesmo a Erich Fromm, ainda no início da década de 1930, e que a chamada Nova Esquerda tem origem em Herbert Marcuse, também da Escola de Frankfurt. As discussões sobre Freud e sua comparação com a Escola de Frankfurt são constantes, tornando Freud um conservador diante dos estudos desses filósofos. Na década de 1930 fazem uma pesquisa sobre a família, ouvindo seus representantes, e principalmente os trabalhadores urbanos, além dos trabalhadores rurais, professores e outros. Estas pesquisas feitas em longos questionários dão embasamento para conclusões a respeito da família e da sexualidade. A partir daí defendem o fim da família e da propriedade, além da defesa da família matriarcal, que tem origem na Pré-História. Mostram que a família patriarcal é mais autoritária e centralizadora do que a família matriarcal, que revela uma relação mais afetiva da mulher em relação ao homem. Enfim, o Feminismo, parece que funde-se com a Ideologia de Gênero, é o que vemos hoje na prática feminista. Continuam defendendo a formação cultural em oposição ao conceito biológico entre homem e mulher, ou seja, feminilidade e masculinidade estão em permanente construção histórica e cultural. Mas os estudos das biografias desses filósofos, resultam, em sua maioria, pela descoberta  de que a situação familiar dos mesmos, ou seja, eram filhos de famílias desestruturadas. É bom destacar que na Escola de Frankfurt não existia nenhuma mulher. Dialogavam em nome delas, ou tinham medo de suas opiniões.

Capítulo VII: Libertação Sexual e Freudo-Marxismo
Neste capítulo, o autor volta a discutir as ideias da Escola de Frankfurt para superar a sociedade capitalista. Afirmam que a repressão sexual limita a liberdade individual, e que só com a liberação sexual o homem vai se libertar do domínio da sociedade patriarcal, representada principalmente pelo pai que é o dono da esposa e filhos. Defendem a pedofilia, a masturbação infantil, as relações extraconjugais, o homossexualismo, e todas as aberrações sexuais. Novamente voltam com as discussões do maio de 1968, marco da liberdade sexual e do combate à sociedade ocidental. Mostra, o autor, as divergências entre os filósofos de Frankfurt e o pensamento de Freud. Veem Freud como um conservador, pois era a favor da ordem social, mesmo que alguns membros de Frankfurt tenham sido conservadores com suas famílias. Novamente ressalta que Marcuse foi o principal filósofo de Frankfurt, mesmo sendo contestado por outros filósofos. A contradição é uma constante em toda a produção literária da Escola de Frankfurt. Novamente mostram que a classe trabalhadora ficou satisfeita com os benefícios da sociedade capitalista, portanto não faz parte da classe revolucionária. Buscam então outros segmentos sociais que farão a ilusão da revolução socialista, como é chamada por um autor. O homossexualismo nunca foi uma defesa dos líderes comunistas, Marx, Lenin, Stalin e Fidel, mas sim uma anomalia que era punida com a morte ou em campos de concentração para uma reeducação. Os de Frankfurt passaram a defender o homossexualismo e outras depravações através da educação das crianças, e de programas educativos nos quais dispensaram as famílias, mas estas resistiram. Ensinavam às crianças a combater a autoridade familiar e cristã. 

Capítulo VIII: Tolerância repressiva e politicamente
Todo o Capítulo VIII é dedicado aos estudos dos de Frankfurt, e principalmente, de Marcuse e Adorno, sobre o que é fascismo e quem o pratica. E para isto publicam livros e fazem pesquisas com questionários elaborados com esse fim. O autor questiona a qualidade das perguntas e seus resultados. Em todo o estudo fica claro que os autores buscam a eliminação da família e da sociedade capitalista. E que Fascista é sempre a sociedade capitalista, ou quem a defende. Mesmo que a Esquerda, ao longo da história, tenha praticado o fascismo amplamente. Trabalha também a questão do antissemitismo. 

Capítulo IX: Arte e subversão: a atonalidade musical em Theodor Adorno e a "Aura" em Walter Benjamin
O Capítulo X é dedicado à manifestação da Escola de Frankfurt nas artes, principalmente na música de Adorno, que dedicou grande parte de sua vida ao estudo da teoria musical, pois, desde criança, por influência de sua mãe,  começou a sua dedicação artística. Criou a música atonal que tinha a função principal em tornar a música um espelho do sofrimento humano e não da alegria. As artes deveriam refletir no público uma sensação de náuseas, ao revelar em suas manifestações o que havia de pior no homem, como imagens que levavam a um pensamento voltado para o canibalismo, como a exibição de fetos dilacerados.

Capitulo X: Considerações Finais
No final, o autor produz um texto leve e objetivo sobre o conteúdo total do livro. Informa, com clareza, os objetivos dos filósofos de Frankfurt, que era, em linhas gerais, acabar com a cultura ocidental e chegar a um "nada" de tudo, descrito por Sartre, entre outros autores, em suas obras. Mas não revelam o que colocariam no lugar, como fez Lenin na Revolução de 1917. Mostra como existem atualmente uma gama de intelectuais e políticos contra esta ideologia, mas que necessitam neste embate de fé, coragem e estudo, e afirma: não podemos combater o inimigo sem conhecê-lo, daí seu estudo. Este livro é um destes instrumentos de combate. E termina, citando...Grácian: Contra o mal, milícia.

Achei que o livro poderia ser menor, pois o autor repete muito algumas informações nos vários capítulos, talvez 200 páginas seriam suficientes. Repete muito os objetivos dos de Frankfurt e a situação dos trabalhadores no ideário da Revolução Russa, além da questão da violência praticada pelos comunistas nos vários comunismos históricos. Mas é um livro bom de ler, pois o autor escreve muito bem, e para os iniciantes sobre a história da esquerda no Brasil, é bem informativo e analítico.

sexta-feira, 2 de agosto de 2024

A Face oculta do MST - Pedro Poncio

 

Como sobrevivi aos campos de doutrinação

Introdução
Este livro é uma reflexão séria sobre o MST, um movimento que por muito tempo enganou as populações, principalmente as religiosas, com sua ideologia marxista. A Igreja Católica sempre apoiou este movimento, pois também foi enganada. Este livro é uma revelação do interior do movimento feita por um participante, além de ter sido doutrinado, mas com o tempo, viu a verdade escondida por trás de uma ideologia de dominação que é o marxismo com suas vertentes sociais sempre mentirosas, como o foi no Comunismo bolchevique. No Prefácio e na Introdução já percebemos o que passaram, daí o ("sobrevivi" do autor), os participantes do movimento ao longo de seus quarenta anos de existência. O autor é uma pessoa de coragem ao denunciar essa situação em seu relato, tendo sido ameaçado de morte várias vezes, e de talento literário na escrita fácil e compreensível. Ele chama os locais precários em que moravam de campos de doutrinação, mas eram, como no comunismo em todos os países em que foram implantados, na verdade, campos de concentração e morte. Afirma, textualmente, o objetivo do livro: "(...) o objetivo deste livro é expor como um movimento ilegítimo tem doutrinado milhares de crianças, arrancando delas a sua dignidade ao lhes inserirem em um processo de dependência do próprio movimento, pela sua pobreza, lhes apresentando uma ideologia perigosa(...)" Mas a verdade sempre aparece, mesmo que demore um pouco, e este livro é uma das formas de revelação de uma mentira, por tanto tempo, velada e escondida da população em geral. O autor faz na sua Introdução, uma exposição das questões desenvolvidas em cada capítulo, ou seja, antecipa o conteúdo do livro de forma resumida.

Desenvolvimento
O livro é dividido em seis capítulos, sendo o primeiro dedicado ao chamado pano de fundo econômico, que na opinião do autor (mesmo que não se expresse assim), é a causa maior da criação do MST, pois as condições miseráveis da população facilitaram a sua manipulação pelos marxistas, sabendo-se que no período entre 1979 e 1985, houve um afrouxamento da repressão do Regime Militar, pois em 1979 aconteceu a chamada Abertura Política, situação que incentivou a chegada dos comunistas expulsos a partir de 1964. Faz um estudo no início do livro do período de 1960, 1970 e 1980, tendo como pano de fundo o contexto econômico, político e ideológico-religioso, que ele também chama de faces. 

No contexto econômico mostra como houve, a partir da mecanização da agricultura no Regime Militar, devido a sua política desenvolvimentista, um grande êxodo rural, provocando uma escassez de alimentos para a população. Faz uma pequena biografia do maior líder do MST, João Pedro Stédile. As manipulações são constantes entre os simples camponeses, jogando a culpa de todo o problema das terras em seus proprietários. Até a Igreja Católica foi manipulada através da Pastoral da Terra, para abrigar comunistas em seu interior. O texto é baseado em fatos registrados em jornais da época como o Estado de São Paulo e a Folha de São Paulo, livro de Stédile, o Livro Negro do Comunismo, depoimentos de pessoas que viveram no movimento, e no site do MST. O autor se assusta com tanta informação importante no site, mas a explicação para a exposição explícita se encontra na falta de oposição ao movimento, até antes da publicação do livro. Acredita que a partir de agora irão retirar essas publicações em que o pesquisador tem acesso. Um movimento que defendia a melhoria da qualidade de vida dos camponeses, após a aquisição de um terreno para a prática agrícola, queria, na verdade, era mobilizar a população para a implantação do comunismo no Brasil.

No contexto político, o autor mostra e analisa através de documentos, as intenções da União Soviética em transformar o Brasil em um país comunista. Alguns fatores justificavam esta iniciativa: a fraqueza do governo Goulart, a pouca politização de seu povo, a existência de líderes comunistas no país como Leonel Brizola, as Ligas Camponeses lideradas por Francisco Julião, um advogado, deputado estadual e depois deputado federal, que era comunista. Sobre o perfil de Francisco Julião, a KGB fez pesquisas para saber se era comunista mesmo, como o fez com outros líderes do movimento. O autor utiliza entrevistas de Stédile para justificar seu perfil comunista. As articulações da KGB, para ingressar no Brasil é quase como um filme de espionagem, pois consegue articular comunistas em vários setores importantes do Rio de Janeiro e Brasília. Quanto aos Estados Unidos praticamente não há participação de seus órgãos de espionagens para a derrubada do governo brasileiro, como foi divulgado na década de 1980. Enfim, os soviéticos queriam criar uma guerra civil no Brasil para dar um golpe e implantar um governo comunista na nação. Coisa que os militares fizeram antes, após a solicitação da população brasileira. Interessante notar como o autor revela que após o golpe militar, o Brasil passou a ser governado por representantes da esquerda, fato que pouca gente percebeu à época, porque a população queria mesmo era a volta da democracia depois da ditadura militar. Stédile afirma que o MST é a continuação das Ligas camponesas de outra maneira, consequentemente; é uma organização comunista, como o eram as Ligas. O Regime Militar nos salvou das matanças de pessoas inocentes, próprias do regime comunista, afirmativa minha.

No contexto ideológico-religioso, o autor faz uma ampla exposição da participação da Igreja Católica na construção do comunismo na América Latina, e especialmente no Brasil. Mostra como espiões soviéticos entraram em seminários católicos e se formaram padres para doutrinar os fiéis nos princípios socialistas, além da infiltração de espiões/padres comunistas no Concílio Vaticano II. Cita, inclusive um livro que conta como foram descobertos documentos de espiões soviéticos depois de um acidente de carro às vésperas do Concílio, documentos que deram origem ao livro, que aponta mais de mil padres comunistas infiltrados nas Igreja e seminários católicos. No Brasil, a Teologia da Libertação deu origem ao MST, a CUT e o PT. Todos comunistas, mas enganando o povo com seu discurso humanitário de igualdade social, de justiça social e de uma vida de qualidade para os camponeses. Lembro da década de 1980, em nossa Paróquia, em Ipatinga, Minas Gerais, em que os padres exigiam que os participantes dos Grupos de Jovens só lessem livros de Leonardo Boff e Frei Betto, os maiores representantes brasileiros da Teologia da Libertação. Será que os padres das pequenas cidades sabiam que estavam fazendo propaganda do comunismo na Igreja? Acredito que alguns sabiam, mas a maioria não, pois nessa "Teologia" existe um chamado de libertação dos pobres (com viés materialista), como Jesus sempre pregou. Sempre li todas as indicações de leitura dos padres, mas muitas informações que estão neste livro são novas para mim, mesmo sendo um professor de História e Historiador, O texto sobre a Igreja Católica é muito esclarecer e confiável, pois é baseado em documentos, fator que denota longa pesquisa para sua escrita.

O livro pode ser dividido em duas partes, sendo a primeira mais teórica sobre a formação do ideário do MST, e a segunda mais prática sobre o funcionamento do sistema de organização do movimento, tendo a Igreja Católica como o elo condutor do comportamento dos acampados, inclusive com a celebração de Missas com a corrente religiosa da Teologia da Libertação. Nesta segunda parte, o autor mostra como os acampados viviam em uma situação de nenhum conforto, e com a pregação da Mística terminavam tendo algum prazer ao se envolverem com o ritual criado para justamente esquecerem de sua primeira missão que era conseguir um lote de terra para fazerem sua moradia. No final de semana tinha até bailes que eram uma verdadeira orgia com o uso de drogas e promiscuidade. A participação no movimento dava algum poder aos acampados, pois baseados nas ideias de Maquiavel, principalmente "Os fins justificam os meios", as pessoas chamadas "do bem" podiam fazer o que quisessem para atingir seus objetivos. Stédile era explícito sobre a organização do movimento, inclusive publicou um livro falando tudo sobre o MST, chamado Brava Gente, em 2005. O dia a dia do autor e dos acampados é explicitado nesta segunda parte do livro. As figuras de Leonardo Boff e Frei Betto são uma constante nas ideias que sustentavam a parte teórico/teológica do movimento. Stédile afirmou que iriam fazer uma cartilha com os principais textos de Leonardo Boff para os acampados, ou seja, uma espécie de lavagem cerebral para dominar todas as pessoas envolvidas. Fala, o autor, de políticos de Brasília envolvidos no Movimento, eram os chamados "Externos". Os internos eram os do interior do acampamento que recebiam as misérias dos externos. 

Nos campos de doutrinação as crianças e adolescentes eram levados a produzir textos de teatro, músicas e poesias em defesa do movimento e sua crítica à sociedade dita "conservadora". Essas produções eram levadas para escolas e universidades. Os locais em que se reuniam nos grandes encontros com representantes de várias regiões e sem os pais, eram semelhantes aos locais de suas residências, ou seja, sem nenhuma preocupação com a saúde dos presentes e em um ambiente propício para a promiscuidade sexual, pois dormiam homens e mulheres no mesmo espaço. Exibiam filmes como Olga e o Diário de um motoqueiro, que nós, que não participamos do movimento, assistimos enganados pela mídia de esquerda. As mortes provocados por ações fanáticas de seus membros foram inúmeras, gerando a escolha de alguns mártires da irresponsabilidade administrativa dos acampamentos. Em Ipatinga, no governo do PT, por 16 anos sofremos perseguições e exonerações, como eu do cargo de diretor escolar eleito pela comunidade, por discordar de algumas posturas do governo. No governo tínhamos seguidores do MST, os chamados de "Externos". Um era economista e foi Secretário de Educação. Entre 2015 e 2018 ficamos sem nossa Complementação Salarial, oriunda de uma lei criada pelo próprio PT, e depois de 20 anos declarada inconstitucional por uma prefeita do mesmo partido. Foi uma luta ferrenha para resgatarmos nossos direitos na Justiça. Inclusive escrevi um livro sobre o assunto, para que nunca mais se repita uma injustiça desse tamanho pelos governos com seus trabalhadores. Cada vereador e o prefeito municipal recebeu um livro para leitura e reflexão.

O agronegócio sempre foi o vilão do MST, muito mais do que o Capitalismo, pois este é mundial, e o agronegócio brasileiro ocupa um espaço mais fácil de dominar, principalmente pela política conservadora do Brasil, que deixa quase tudo "por se resolver" sem sua interferência direta. E para combater o agronegócio, o MST utiliza de vários métodos, principalmente as mentiras sobre a quantidade e qualidade de sua produção. Investem na divulgação do uso de agrotóxicos pela agricultura de exportação e para o consumo interno. E para isto utilizam-se da ação dos "internos" dos acampamentos na invasão de órgãos do governo ligados ao agronegócio, e através do teatro em vários locais culturais, e principalmente nas escolas. O autor cita partes de duas peças teatrais produzidas nos acampamentos, e analisa-as, ressaltando, em seus textos, a depreciação do trabalho do agronegócio. Utilizam também as Universidades para este fim, ou seja, doutrinando seus jovens estudantes, ávidos de mudanças sociais. O combate ao agronegócio está vinculado politicamente aos partidos e pessoas de esquerda, especialmente o PT. Fazem campanhas através da imprensa comprada  como a rede Globo, Jornal O Globo, UOL, entre outros órgãos de comunicação, e de artistas, principalmente atores globais, sobre o mal que os produtos tradicionais produzem nas pessoas, inclusive com mentiras em estatísticas absurdas. O autor pesquisou cientistas que estudam o assunto, e descobriu, que às vezes, os produtos orgânicos, além de serem mais caros, fazem mais mal para a saúde do que os produzidos pelo agronegócio, do contrário, os mesmos não seriam exportados para os países desenvolvidos (grifo meu).

O MST surgiu em 1984, ano emblemático pela manifestação das Diretas Já. Era o fim do regime militar. Em 1979 aconteceu a abertura política com a volta dos exilados da ditadura. O MST nasce nesse contexto político promissor, com suas pautas ilusórias de reforma agrária, justiça social e liberdade. Mas com o tempo foi se adaptando às novas circunstâncias na área política e social, principalmente com o crescimento da esquerda, e do PT como o principal partido de oposição. Com a eleição de Lula, o MST vira governo e passa a adotar uma postura violenta baseada na ideologia marxista com suas principais características de doutrinação, uso da mentira e envolvimento com a Igreja Católica através da Teologia da Libertação, ala marxista oriunda do Concílio Vaticano II. Cria um "exército" de fanáticos para garantir o domínio do movimento, que o autor chama de exército vermelho como o soviético. Inclusive, Lula, em entrevista ameaça chamar o exército de Stédile em sua proteção, sendo que em sua origem o PT reivindicava democracia e não violência. O autor entra em detalhes sobre essas ações "marxistas". Financiamentos não faltam ao movimento, inclusive de países europeus. E o envolvimento da classe política é nítido, inclusive como participantes efetivos, os chamados "mãos lisas" por Stédile, em oposição aos "mãos grossas", que são os camponeses. O movimento consegue verbas públicas através da criação de ONGs, pois o MST não possui personalidade jurídica. 

No último capítulo, o autor conta sua vida pessoal, passando da família para suas investidas para melhorar de vida. Mostra como seu pai, apesar de ser alcóolatra, foi um exemplo de honestidade e de educação familar. Relata sua vida espiritual cristã como fator essencial para superar a ideologia marxista, pois os exemplos de vida nos acampamentos eram completamente diferentes daqueles ensinados pela doutrina cristã, ou seja, justiça social, igualdade, liberdade, amor ao próximo respeito à pessoa humana e amor a Deus. Nos acampamentos dominava a promiscuidade, uso de drogas e violência. O contato com deputados conservadores favoreceu a divulgação de sua denúncia pela Internet. Foi ameaçado de morte várias vezes, e por isso teve de se autoexilar na Europa. Optou por uma vida política ao invés de dedicar sua vida à religião. Com certeza sua mensagem mudará muitas vidas e contribuirá para transformar o perfil político do Brasil para melhor, com a introdução de pessoas honestas e capacitas para a classe política. 

Eu recomendo sua leitura a todo cidadão brasileiro consciente de seu papel social na melhoria da qualidade de vida de nosso povo.

"Oh! Bendito o que semeia 
Livros... Livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!"

       Castro Alves

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